Rui Tinoco

Psicólogo Clínico com trabalho de intervenção e investigação na área dos comportamentos aditivos - tema sobre o qual incidiu o seu doutoramento. Desde 2005 trabalha nos cuidados de saúde primários, onde desenvolve atualmente a sua atividade clínica e programas de intervenção comunitária entre os quais se encontra o PASSE.

  • Quem entra na consulta sem bater?: informatização e relação de ajuda

    Quem entra na consulta sem bater?: informatização e relação de ajuda

    A relação de ajuda acontece tradicionalmente no contexto de consultório entre um psicólogo e um cliente. Apesar de todas as ambiguidades, uma coisa permanecia segura: esta relação de ajuda acontecia entre duas pessoas, uma delas profissional, num contexto terapêutico seguro que garanta o sigilo e um afastamento do quotidiano de tudo o que é exterior. Bem… na verdade nem mesmo esta evidência está a salvo… Quem, em muitos dos nossos consultórios, complementa o par quase sem que nós nos apercebamos? Referimo-nos aos dispositivos informáticos. É verdade que cada um de nós é, cada vez mais, cada um de nós e o seu respetivo apêndice tecnológico. ler artigo

  • Troca ritual, profissões da saúde e psicologia clínica: a importância do tempo

    Troca ritual, profissões da saúde e psicologia clínica: a importância do tempo

    Muito do nosso quotidiano é estruturado em torno de trocas rituais. O que fazemos quase sem pensar e o que esperamos, automaticamente que o outro faça. Assim, também muitas vezes no encontro entre um paciente e um profissional de saúde existe uma pré-narrativa que estrutura a consulta. As trocas esperadas, para cada um dos vários profissionais, têm um percurso em si e um momento que o coisifica: a receita; a vacina efetuada; a dieta alimentar recebida etc… Esta ritualização da troca tem associado um tempo próprio, um tempo que é bem mais para além do tempo cronológico, um tempo que associa uma sensação de fim, ou de término, ao sucesso da troca efetuada. Como transpor esta ideia da troca para uma consulta de psicologia clínica? ler artigo

  • Psicologia clínica nos Cuidados de Saúde Primários: formação e carreira no SNS, municipalização dos serviços de saúde. A urgência na tomada de uma posição pública

    Psicologia clínica nos Cuidados de Saúde Primários: formação e carreira no SNS, municipalização dos serviços de saúde. A urgência na tomada de uma posição pública

    A psicologia é uma profissão minoritária em muitas instituições herdeiras da época clássica e das luzes: nas prisões, nas forças armadas e de segurança, nas escolas ou ainda nos hospitais e centros de saúde. Pretendemos com esta nota fazer um breve mapeamento de dois grandes desafios que decorrem no momento que escrevemos. Em primeiro lugar a questão da carreira de Psicologia Clínica nos organismos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Segundo, o movimento de descentralização da saúde que prevê a municipalização dos cuidados de saúde primários. ler artigo

  • Toxicodependência e identidade de género: algumas anotações

    Toxicodependência e identidade de género: algumas anotações

    A heroinodependência e o uso das drogas em geral sempre foi objeto de problematização científica, moral e até religiosa ao longo dos tempos. Nos finais dos anos oitenta e início da década de noventa ouvia, nos bancos da faculdade, professores que se questionavam sobre estes temas, sendo que o consumo de drogas criava figuras e comportamentos que eram resistentes às abordagens tradicionais das ciências psicológicas e outras. No consumo de drogas nos anos noventa e zero em Portugal, as questões da identidade de género punham-se com muita premência. Estávamos – estamos – perante uma sociedade que produz um perfil muito peculiar de consumidor em que o sexo masculino, a identidade de género masculina, é esmagadora em termos de prevalência. Penso que seria interessante começar a ler estes fenómenos também à luz da identidade de género, por que numa sociedade como a nossa, pós-moderna, a norma cada vez mais não existe. Ela fragmentou-se em pedaços que é preciso começar a nomear para poder pensá-los novamente. ler artigo

  • A pirâmide invertida: quem tem medo da psicologia nos cuidados de saúde primários?

    A pirâmide invertida: quem tem medo da psicologia nos cuidados de saúde primários?

    Diversas áreas de intervenção nos cuidados de saúde primários apontam a necessidade da intervenção de profissionais da psicologia clínica. A necessidade de profissionais de psicologia clínica estendeu-se assim, nos últimos anos, às áreas dos cuidados continuados integrados, dos menores em risco e da violência doméstica. A estratégia passa sobretudo pela transposição da arquitetura dos cuidados de saúde para a ação da psicologia. A proximidade dos cuidados psicológicos poderá dar azo a diversos ganhos em termos de saúde mental… Mas será que existe realmente essa proximidade? ler artigo

  • Objeto Totalizante e o consumo do produto mediático

    Objeto Totalizante e o consumo do produto mediático

    O que é afinal o objeto totalizante? Pode-se definir, para o campo mediático, como toda a sequência que, no interior da representação imagética e verbal, produz um determinado acontecimento comentado. O objeto totalizante tem em si o acontecido e o modo como esse acontecido pode ser visto, interpretado. O objeto totalizante une acontecido e o que esse acontecido quer dizer. Ao fazê-lo, elimina espaço ao pensamento de quem assiste. Assim, é objeto porque nos é oferecido aos nossos olhos e é totalizante porque carrega consigo a sua própria cosmogonia: é seta disparada e o próprio alvo, simultaneamente. ler artigo